segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Assexuados também amam


Revista Marie Clair levanta um tema muito interessante e que merece ser abordado num espaço que se dedica a Diversidade Sexual: as pessoas que não gostam de transar. Logo após , deixo minha opinião sobre mais esse polêmico tema. O leitor também está convidado a nos brindar com seu ponto-de-vista.


Os assexuados: conheça a tribo que defende o direito de não transar

Michael Doré tem 28 anos e nunca beijou. Nem pretende. Beijos, carinhos e qualquer forma de contato íntimo lhe causam repulsa. “O sexo me enoja”, diz. “Sou um assexual convicto.” É quase impossível imaginar que um cara como ele, charmoso, bem-sucedido — é um matemático norueguês e PhD da Universidade de Birmingham, na Inglaterra —, sequer pense em transar. Ainda mais nos dias de hoje, em que sexo e orgasmo são quase uma obrigação. E, antes que você se pergunte o que há de errado com Michael, ele mesmo responde: “Não, não sou gay, não fui abusado na infância, nem tenho problemas hormonais. Eu simplesmente não gosto de transar”. Assim como ele, a pedagoga mineira Rosângela Pereira dos Santos, o bancário americano Keith Walker e uma legião de assexuados dos mais diferentes cantos do planeta começam a sair do armário. São homens e mulheres de todas as idades, perfeitamente capazes de fazer sexo, mas sem nenhum apreço pela coisa. Gente que, graças ao apoio da Aven (Asexual Visibility and Education Network), rede que luta pela visibilidade dos assexuados no mundo, conseguiu se unir para levantar a bandeira da abstinência e lutar para que a assexualidade seja reconhecida como uma quarta orientação sexual (além de héteros, homos e bissexuais).

Sob o slogan “It’s o.k. to be A” (algo como “tudo bem ser assexuado”), essa turma tem frequentado as passeatas gays de Nova York, São Francisco, Londres e Manchester. No grupo, lutando contra o preconceito em relação aos que não gostam de transar, há desde aqueles que nunca tiveram uma relação sexual na vida, até os que fazem sexo por obrigação, para não perder o parceiro. “Por assexual entende-se apenas aquele que não sente atração sexual, não o que não é capaz de se envolver”, explica a socióloga Elisabete Oliveira, que fez do assunto tema de seu doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. “Existem os assexuais românticos e os não românticos. O primeiro grupo consegue se apaixonar, casar e até ter filhos — desde que não haja sexo envolvido. O segundo não gosta de carinhos e não se sente apto a se apaixonar.”
A libido é uma energia vital que pode ser canalizada para o trabalho

Esses dois grupos também podem ser classificados como libidinosos ou não. “Ser assexual não significa, necessariamente, não ficar excitado”, afirma o bancário americano Keith Walker, 37 anos. “Muitos de nós se masturbam, mas não estabelecem relação entre isso e o sexo. É apenas uma maneira de relaxar e aliviar o stress”, diz. Segundo a psicóloga paulista Tânia Mauadie Santana, hoje é comum que a energia que antes era sexual seja canalizada para outras áreas da vida. “A libido é uma energia vital, o que não necessariamente se manifesta só nos órgãos sexuais. O desejo pode ser direcionado para o trabalho, a comida e as atividades físicas”, diz.

Com as recentes investidas no chamado Viagra feminino — comprimido à base de flibanserina que promete devolver a libido à mulher que a perdeu e apresentá-la a que nunca teve —, a comunidade médica tem falado muito em “desejo sexual hipoativo”. O termo, catalogado há mais de 30 anos pela Organização Mundial da Saúde como uma “disfunção sexual”, tem conotação pejorativa para assexuados, que, com razão, não querem ser vistos como doentes. “Quem pratica sexo costuma ter humor melhor, pois o ato libera hormônios de ação antidepressiva. Mas a falta dele não chega a ser um problema de saúde. Ninguém vai morrer por isso”, afirma Tânia Santana. Segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh, a assexualidade só requer tratamento quando gera sofrimento. “Se a falta de desejo ou o excesso dele impedir alguém de ser feliz, aí, sim, deve-se falar em tratamento. Caso contrário, não há por quê”, afirma o médico.

(...)

Nas poucas vezes em que tentei falar sobre o assunto com pessoas próximas, sei que me rotulavam como o estereótipo de garota esquisita, complexada, isolada, coisa que eu não sou! Não foram momentos fáceis. Hoje em dia, só amigas mais íntimas sabem de minha ‘situação’. Faz pouco tempo, cerca de um ano, que finalmente me descobri como assexual. Foi através de pesquisas na internet: procurando entender melhor meu comportamento ‘diferente’, encontrei, em fóruns de discussão, pessoas como eu. Percebi que não estava sozinha! Apesar de ser um alívio pessoal, sei que não posso falar sobre esse assunto com qualquer pessoa. Minha família, por exemplo, não faz ideia do que seja a assexualidade — e tenho certeza que a maior parte dos brasileiros também não. Até cinco anos atrás, por exemplo, ao digitar a palavra “assexual” no Google, só apareciam artigos sobre amebas e bactérias.”


Aconselho o leitor a dar uma boa olhada no texto completo:
FONTE:http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI186425-17596,00-OS+ASSEXUADOS+CONHECA+A+TRIBO+QUE+DEFENDE+O+DIREITO+DE+NAO+TRANSAR.html

Pois bem, apresentarei agora alguns apontamentos. Acho extremamente útil o debate a respeito das Diversidades e defendo a ampliação da Sopa de Letrinhas (LGBT) uma vez que ela não dá conta de reunir todos os conceitos e possiblidades de alcançar o prazer e a auto-realização. Mas discordo quando se diz em incluir os Assexuados como um "quarto grupo". Primeiro há de se incluir outros grupos que estão a mais tempo na fila, conceitos que digamos, muito me contemplam e estão a bem mais tempo "na fila", como os "T-Lovers", "Intersexuais",os "Romanticos", "Monogãmicos", etc... nossa, haja alfabeto !

Em segundo lugar, que história mais doida é essa, de ficar patologizando a sexualidade alheia, Dr. Alexandre Saadeh? Estamos de olho no senhor...

Por hoje é só pessoal!
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E viva o orgasmo (do jeito que achar melhor)!!!

2 comentários:

  1. Ah e "energia vital que serve para o trabalho é coisa de maluco da Era Vitoriana" pow!

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  2. Entendo que amor não é sexo. Amor é sentimento e sexo é apenas uma necessidade fisiológica como comer, urinar, defecar... Cada um sabe das suas necessidades e deve satisfazê-las sem alardes, respeitando-se e respeitando seu próximo.
    Esta semana ouvi essa frase: "Mulheres fazem sexo por amor, e homens fazem sexo por esportre" Entendi que mulheres envolvem sentimento no ato sexual, e homens apenas satisfazem uma necessidade. Seja como for: amor é sentimento e sexo é necessidade física, que pode ser resolvida a dois, ou por si mesmo.

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