quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um natal de todas as Cores e sons


A Sessão PinkPoka especial destaca alguns numeros musicais. Sao os presenes de Natal da equipe AdP. Esperamos que gostem (se deliciem) com a nossa "ceia musical":



Pra começar, um tradicionalíssimo Pout-pourri de musicas natalinas:



A seguir, o pessoal do GMCLA (Coro Gay de Los Angeles) mostra que não é exatamente de voz empostada que se faz uma boa Ópera. Nada a ver com o Natal, mas não deixa de ser divertido e interessante:



E para finalizar, o GMCLA apresenta uma divertidissima versão da famosa "Dança das Flautas de Brinquedo", do balé O Quebra-Nozes:



Nesse Natal, vamos pedir mais PAZ, AMOR e RESPEITO a Papai-Noel, Deus, fadas ou seja lá o que vc acredite.

Que este dia seja uma verdadeira Festa Universal do Amor, da Amizade e da Esperança.

*Homenagem e votos especiais da Tia Doth a equipe AdP.

Alias, de onde vc está lendo nosso blog?

Alemanha: Fröhliche Weihnachten

Bélgica: Zalige Kertfeest

Brasil: Feliz Natal

Bulgária: Tchestito Rojdestvo Hristovo,

Tchestita Koleda

Catalão: Bon Nadal

China: (1.2)

1. Sheng Tan Kuai Loh (mandarín)

2. Gun Tso Sun Tan'Gung Haw Sun (cantonés)

Coréia: Sung Tan Chuk Ha

Croácia: Sretan Bozic

Dinamarca: Glaedelig Jul

Eslovênia: Srecen Bozic

Hispanoamérica: Felices Pascuas, Feliz Navidad

Estados Unidos da América: Merry Christmas

Hebraico: Mo'adim Lesimkha

Inglaterra: Happy Christmas

Finlândia: Hauskaa Joulua

França: Joyeux Noel

País de Gales: Nadolig Llawen

Galego (na Galicia): Bo Nada

Grécia: Eftihismena Christougenna

Irlanda: Nodlig mhaith chugnat

Itália: Buon Natale

Nova Zelândia em Maorí: Meri Kirihimete

México: Feliz Navidad

Holanda: Hartelijke Kerstroeten

Noruega: Gledelig Jul

Polônia: Boze Narodzenie

Portugal: Boas Festas

Romênia: Sarbatori vesele

Rússia: Hristos Razdajetsja

Sérvia: Hristos se rodi

Suécia: God Jul

Tailândia: Sawadee Pee mai

Turquia: Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun

Ucrânia: Srozhdestvom Kristovym

Vietnã: Chung Mung Giang Sinh

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Campanha URGENTE !!! em apoio ao Kit contra a Homofobia nas Escolas


Assine! em apoio ao Kit contra a Homofobia nas Escolas

O kit educativo é uma iniciativa que vem para discutir a questão da diversidade sexual no ambiente escolar. Vem mostrar aos nossos jovens que é normal ser diferente.

Necessitamos da construção de uma boa educação pública que forme cidadãos capazes de lidar com as diversidades e do resgate de muitas alunas e alunos que são excluídos da escola devido ao preconceito. O combate ao bullying é extremamente necessário.

O termo “kit gay” foi criado para confundir as pessoas, tanto leigos quanto conhecedores do assunto, que já são carentes de informações a respeito disso. Nos comentários que encontramos na internet a primeira impressão que o termo passa às pessoas é que ele está ensinando as crianças e/ou adolescentes a virarem gays, uma apologia ao “homossexualismo” ou à promiscuidade. E nada disto é verdadeiro.

O kit pretende fazer uma abordagem responsável do que vem a ser a realidade do jovem LGBT, que são seres humanos e merecem respeito para viverem da forma que realmente são.

O kit está voltado a alunos do Ensino Médio e não para crianças como muitos estão afirmando.

Querem botar arreios na força LGBT, que a cada dia cresce mais. Porém não irão conseguir. Não aceitam que um homossexual assumido chegou à Câmara dos Deputados. Por isto que digo NÃO ao “kit gay” e SIM ao kit de combate à homofobia nas escolas!

Brasil, dezembro de 2010

Para Saber Mais sobre o KIT leiam o artigo:
http://eleicoeshoje.wordpress.com/2010/12/16/kit/

ASSINE a petição online apoiando o kit:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=kitsim

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"O buraco do meu cu é revolucionário"

Frase do francés Guy Hocquengheim (1993)A força transgressora desta afirmativa parece se dever ao fato de que, no seu bojo, traz algo bastante inquietador, uma vez que desloca uma característica política, a revolução, para um outro lugar, ou seja, para um órgão fisiológico, próprio de descarga. Porém, de grande significância erótica, bem como da representação em que se inscreve a conduta do macho. Não que essa parte terminal do intestino por si só seja revolucionária, mas porque exerce a função de divisor de identidades na construção da masculinidade, que fez eco com as falas dos michês jovens - cuja virgindade do ânus e o beijo na boca parecem ser preservados a todo custo.


O padrão tradicional que tipifica a "essência" masculina não admite incertezas, na melhor das hipóteses, a incerteza e desconforto; na pior, um potencial de perigo. Não obstante, produzir confusão e sustentar alguma dúvida pode significar pôr sob suspeita a orientação heterossexual masculina (Giffin e Cavalcanti apud Seffner, 2003).


"Se descubro que um de meus jogadores é gay, eu rapidamente me livro dele" (Luiz Felipe Scolari)

O ânus é um órgão que, para o heterossexual, deve ter unicamente a função excretória, e que, junto à vigilância de não se efeminar, compõe as obrigações fundantes do masculino. Desde tenra idade, são estas pré-condições que fazem o menino, na sua identidade de gênero, perceber-se diferente e superior ao homossexual "passivo" e a mulher. Tomando por base estas ilustrações, pode-se deduzir que o homossexual "passivo" é aquele sujeito que subverte essa ordem, e elege o ânus, além da sua função fisiológica, como fonte de erotismo e gozo sexual. E, ainda fere um outro princípio masculino, por não apresentar atributos masculinos e desejo sexual pelo sexo oposto, que enfatizam o homem viril. Do contrário, ele manifesta trejeitos e maneirismos que são típicos do feminino, ou seja, ele se efemina.

Talvez, a questão da virgindade anal associada à masculinidade seja um tabu mundial. No entanto, parece mais acentuado nos países de cultura machista a exemplo do Brasil.


A pós-modernidade é tipicamente a cultura da emancipação individual estendida a todas as idades e sexo (Lipovetsky, 2005), Todavia, esta mudança liberal ainda suscita o arcaico, a exemplo do uso do ânus como órgão sexual de prazer que, para o homem, está vetado, uma vez que essa modalidade erógena e sexual está fortemente vinculada à conduta homossexual, no caso, "passiva", e a visibilidade do estigma, ambos socialmente condenados. O homem para ser macho tem que, no uso do seu corpo, recorrer unicamente ao seu pênis como instrumento e meio de prazer, para que não deslize para a sexualidade do "diferente".

Para Deleuze (2004), os interesses somente serão revolucionários, quando desejo e máquina não se tornarem únicos, e se voltarem contra os chamados dados naturais da sociedade capitalista. Com base nesse autor, pode se pensar em que o comportamento homossexual assumido ou com "visibilidade do estigma" concretiza-se como um tipo específico de revolução. Uma vez que esse indivíduo pode negar essa condição ou passar incólume com a "fachada" de heterossexual. Não é uma atitude anárquica desnudar o próprio desejo proibido perante "olhar público", contrariando as vertentes biológica, social, cultural e outras, com todos os riscos em que isto implica? Nesse sentido, certamente, não se constitui numa tarefa fácil renunciar a uma representação de si com qualidades extraordinárias e promessas grandiosas que, durante anos, lhes serviram de modelo (Nolasco, 1986)."

Eis um bom resumo do artigo intitulado "A visibilidade do suposto passivo: uma atitude revolucionária do homossexual masculino" de Valdeci Gonçalves da Silva, Professor Titular do Departamento de Psicologia da UEPB.

Disponivel em sua íntegra em:http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482007000100006


A palavra CU monossilabico escatológico incomoda muitos LGBT que preferem sustentar em princÍpios de rechaços do comportamento passional do gay ou o silêncio pelo incomodo de citar uma área erógena que não lhe é permitido ao prazer, tabulizando e contribuíndo a opressão da sexualidade humana, ou será como um exame de próstata, algo que ocorre mais jamais divulgado.

Alias,

Que olho é esse?

Em 1973, o compositor Tom Zé lançou pela gravadora Continental o LP "Todos os Olhos".


A capa está reproduzida ao lado, e por muito tempo trazia um enigma: que olho era esse?


Segundo o próprio Tom Zé ninguém nunca chegou a descobrir do que se tratava, até que ele mesmo resolveu contar e solucionar o enigma.


Para contextualizar melhor, deve-se lembrar que a época era de plena ditadura militar no Brasil e que várias músicas dele já haviam sido censuradas.


Seu amigo, o poeta Décio Pignatari, propôs:
"Vamos sacanear estes caras... Por que não colocamos um cu na capa?".


Tom Zé com certa relutância falou:
"Tá maluco, como vamos fazer isso, vamos ser presos!"


Depois de descobrir a maneira como seria feito, topou.


Décio então, arrumou a "modelo", colocou uma bola de gude "lá" e fotografou em foco fechado.


O resultado foi exposto nas vitrines das lojas e a censura nem imaginou do que se tratava.


Lembrem que nesta época não havia os recursos de computador que temos hoje... portanto...
A FOTO é VERÍDICA!!!

*(com a colaboração de Fukumaru, da comunidade Racismo e Homofobia Nunca, do Orkut)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Meninas são mais corajosas?



Olá!!

Tem textos que dizem tudo o que a gente pensa mas não sabia como explicar. O ensaio abaixo foi assim comigo e  acredito que vai ser com muitas leitoras. Bem, chega de trololó, vou postá-lo aqui e quem gostar deixe um comentário!


Meninas São Mais Corajosas?


Blog maedefilhogay.blogspot.com

É inegável que meninas têm uma certa liberdade em expressar afeto desde a infância. Diferente dos  garotos que, ao primeiro sinal de carinho com outro menino, são fortemente reprimidos, quase  ninguém vê perigo em duas meninas que são melhores amigas e passam horas ao telefone. Também não existe tanta repressão a beijos e abraços amigáveis ou dormirem juntas no quarto de uma delas. O medo dos pais é maior da nossa proximidade com o sexo oposto. Daí que você pode pensar que meninas lésbicas têm menos pressão na hora de se assumir. Mentira.

Sim, existe um certo fetiche dos homens em ver duas mulheres transando, mas esse fetiche não tem relação com aceitação ou desejo. A maioria dos homens quando fala desse fetiche tem uma visão muito machista: as duas meninas estão se divertindo enquanto o macho não entra! E quando ele entrar, claro, elas irão preferi-lo. Essa tolerância é na verdade uma desqualificação do relacionamento lésbico: elas só são lésbicas por que não encontraram o homem certo.Daí que tudo bem duas meninas andando de mãos dadas no shopping. Tudo bem que elas “brinquem” de ser lésbicas, por que uma hora o homem certo vai aparecer e “corrigir” isso. Deixe as meninas se divertirem. Na cabeça desses homens não é algo para ser levado a sério, elas vão se “consertar” em algum momento e talvez eles até deem uma ajudazinha. O mesmo homem que reage com ojeriza a relação entre gays se diz tolerante a relações lésbicas numa linha de raciocínio torta, onde o machismo é o denominador comum. Homens não podem ser penetrados, por que isso é ceder sua posição de macho dominante, não podem se submeter a outro homem. Então, na cabeça torta desse machista, a relação lésbica não passa de uma brincadeira, já que nenhuma penetração acontece (na cabeça deles, of course).
Claro que todo esse raciocínio torto vai ruir se as meninas em questão não forem fortemente
femininas...de novo, na versão dele de femininas. Uma lésbica masculinizada (eu odeio o termo tanto quanto odeio afeminado, mas...) é um desafio à posição do macho. É uma afronta a ele. E ai a tolerância voa pela janela. E o preconceito que essas meninas enfrentam é tão ou maior que os afeminados. É um desafio à estrutura patriarcal. Veja bem, além de não se curvar às vontades do macho, ela ainda quer ter comportamentos só reservados a ele!

E eu me pergunto de onde vem a coragem e me encanto com a disposição dessas meninas em enfrentar isso. Em exigir seus direitos e partir para a luta. Elas estão nos shoppings e praças marcando muito mais presença que os homens gays. Elas estão na luta pela adoção, pela fertilização assistida, pela reforma na educação. Elas estão saindo do armário e andando orgulhosas na rua. Elas estão apanhando do mundo, mas se recusam a baixar a cabeça. E ainda precisam ouvir que para elas é mais fácil! Não é. É toda uma luta contra a sociedade patriarcal e machista, exatamente como para os homens.

Eu acredito sim que existe uma certa “tolerância” a manifestações de afeto lésbico que não existe com os homens. Mas essa tal de tolerância não passa da introdução. Ela está restrita a uma minoria que parece “bonitinha” à vista e que é engolida pela sociedade. Lésbicas maduras andando de mãos dadas na rua ou se beijando em público, terão a mesma reação de desagrado que garotos gays sofrem. Meninas menos “femininas” são tão ou mais rejeitadas que afeminados. A diferença que eu vejo é que, mesmo assim, elas não tem mais medo de saber quem são.

Não quero aqui criar uma divisão a la clube do Bolinha, mas acho que gays e lésbicas estão em momentos diferentes no que diz respeito a essa visibilidade. Enquanto vejo um discurso machista de ser discreto e não dar bandeira, ganhar corpo entre os homens, vejo essas meninas partindo para a luta, não por uma falsa aceitação que só existe se você se enquadra nos moldes heteronormativos, mas por respeito e visibilidade. E amigo, só quem é mulher sabe como é complicado se impor nessa sociedade machista. É dose para leão. Negar-se a cumprir a missão de cuidadora e procriadora para os homens é uma afronta que eles não digerem bem.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Casais homoafetivos ganham direito a pensão

Agência Estado

No Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12), o governo tomou duas medidas que pretendem ajudar no combate à discriminação contra homossexuais. A primeira foi oficializar a política de estender benefícios da Previdência a companheiros de homossexuais. A segunda, publicar finalmente o decreto que regula a criação do Conselho Nacional de Combate à Discriminação.

A determinação de estender as pensões em caso de morte para parceiros de homossexuais foi feita por meio de um decreto do Ministério da Previdência e altera a base de reconhecimento de uniões estáveis do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Atualmente, o instituto admite a união estável, mas apenas para casais heterossexuais. A concessão de pensão já ocorria desde 2000, mas apenas porque tinha como base uma liminar da justiça federal, que poderia cair a qualquer momento. Com a portaria no dia 10, o pagamento nesses casos fica garantido.

Para comprovar o relacionamento, os casais terão de apresentar no mínimo três documentos: a declaração de imposto de renda do segurado, com o beneficiário na condição de dependente; testamento; declaração especial feita perante tabelião (concubinato) ou conta bancária conjunta. Os critérios são os mesmos fixados pelo código civil para o reconhecimento da união estável de heterossexuais.

O INSS também aceita outras declarações para provar a união das pessoas do mesmo sexo, como prova de mesmo domicílio; procuração ou fiança reciprocamente outorgada; registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; anotação constante de ficha ou livro de registro de empregado; apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como beneficiária; ficha de tratamento em instituição de assistência médica e escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome do dependente.

Índias, putas e lésbicas: a mulher que leva a política para as ruas na Bolívia

O que é bom é pra ser repostado. Boa leitura)

Do Opera Mundi: http://operamundi.uol.com.br/perfil_ver.php?idConteudo=109





O neurocirurgião-chefe de um hospital de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, fez cara de desdém quando contei a ele que a mulher que eu entrevistaria em La Paz, capital do país, era María Galindo. "Aquela lésbica?!", replicou ele, me olhando com reprovação. Já a estudante universitária crucenha a quem falei da entrevista foi ponderada. "É uma senhora com ideias interessantes", disse ela.

Para uma costureira de La Paz, a reação ao nome de Galindo foi de chacota: "é a louca"; para o marido da costureira, um advogado, Galindo é "a careca". E para um outro pacenho, garçom de um restaurante no centro da capital, María Galindo é, "tsc, tsc, tsc, uma senhora que pretende levar as mulheres ao poder" – respondeu ele, meneando a cabeça negativamente para mostrar que isso não é uma boa coisa.



De fato, Galindo é lésbica – uma das primeiras a se assumir publicamente na Bolívia, país onde, como outros da América Latina, a heterossexualidade é um pressuposto tácito e requerido para a aceitação social. Nascida em La Paz há 45 anos e psicóloga por formação, ela entende a política como transformação das relações sociais e não como projeto de poder por meio da ocupação de cargos na administração pública.

Além disso, ela mesma se considera um pouco louca por causa das ações de protesto que empreende com suas colegas de ideais feministas. Suas têmporas são raspadas com máquina zero e contrastam com seus cabelos longos e negros pendendo do alto da cabeça – o díptico cabelo-careca combina com seu visual punk-gótico de jaqueta de couro surrada, calças justas, coturnos cravejados de rebites de ferro e sombra e batom negros gritando na pele muito branca do seu rosto.

Política nas ruas

Sobre Galindo querer levar as mulheres ao poder, há um erro conceitual na afirmação do garçom, talvez porque ele conheça apenas os fragmentos caricatos divulgados pela imprensa boliviana ou porque, justamente, faz a confusão entre "política como transformação" e "política como projeto de poder" que Galindo tenta deixar clara em seu discurso – evidenciando sempre a defesa do primeiro tipo como base de seu pensamento.

María Galindo não quer levar as mulheres ao poder, mas às ruas das principais cidades da Bolívia e da América Latina. Quer levá-las às universidades de Santa Cruz, ao parlamento em La Paz, à Bienal de São Paulo (onde esteve em 2007) e à Praça do Congresso em Buenos Aires, na Argentina. Em todos esses - e outros - lugares, quer grafitar nos muros de escolas, zonas de prostituição e instituições públicas frases como "Desobediência: por sua culpa serei feliz", que ela e suas colegas acreditam evidenciar rupturas e anunciar possíveis remendos nos "buracos do tecido social".

“Hoje vivemos, em todas as esferas, uma realidade profundamente hierárquica, autoritária e violenta”, diz María Galindo. Para ela e as bolivianas que compartilham de suas ideias, uma forma de tentar reconstruir esse tecido é fazendo política, mas na prática, no dia-a-dia, de preferência nos muros públicos – e com muita tinta.

Virgem dos Desejos

Em 1992, em La Paz, María Galindo fundou, com Julieta Paredes e Monica Mendoza, o grupo Mujeres Creando (Mulheres Criando, em português), movimento anarcofeminista que usa o grafite como uma das principais formas de expressar ideias e exigir transformações concretas na sociedade por parte das autoridades civis, políticas, religiosas e militares. “Nós três vínhamos da esquerda, mas de uma esquerda homofóbica e absolutamente incapaz de entender que nós, mulheres, somos um sujeito político. Eles não nos ouviam. Então tínhamos de criar um espaço próprio para essas discussões, e foi o que fizemos".

Para a ativista, na Bolívia "parece que os espaços sociais precisam de certo estofo institucional, ritualístico e jurídico" para existirem. "Nós éramos três loucas que decidimos nos organizar e falar publicamente”, conta.


María Galindo em uma de suas apresentações artísticas

Há dez anos, o Mujeres Creando conta com uma sede auto-sustentável no centro de La Paz, um casarão vermelho batizado de A Virgem dos Desejos. Lá há uma biblioteca com farta literatura feminista, vídeos, internet, restaurante popular, banheiro público, loja de livros e artesanato, atendimento médico gratuito, salas de aula para realização de palestras e oficinas profissionalizantes, escola primária e assessoria jurídica gratuita para mulheres vítimas de violência, além de hospedagem para essas mulheres – ou para estrangeiros que queiram conhecer mais o trabalho do grupo. Em 2007, foi inaugurada na sede a rádio Deseo, emissora comunitária que pode ser ouvida em rede nacional diariamente.

Índias, putas e lésbicas

Desde o princípio do movimento, o grafite foi pensado como instrumento de ocupação do espaço público. Para María Galindo, as ruas, praças e muros, lugares seminais do grafite, são espaços políticos mais importantes até do que a própria sede do governo ou outra instituição pública.

“Com o grafite, você se comunica com as pessoas sem intermediários. Através dos anos e da constância, conseguimos uma concatenação temática das frases que são sempre pensadas coletivamente. Entendemos, por exemplo, que o racismo e a homofobia são paralelos e caminham juntos. Nas nossas frases, misturamos temas que a sociedade e os meios de comunicação não permitem mesclar porque classificam as coisas como se uma não tivesse a ver com a outra. Mas o público e o privado estão interligados: o que se passa na cama e no parlamento têm uma relação”, diz a "agitadora de rua", como ela mesma se define.

“Índias, putas e lésbicas, revoltas e irmanadas” é uma das frases mais emblemáticas grafitadas nas ruas bolivianas com a mesma caligrafia “de escola” padronizada e reproduzida por cada membro do Mujeres Creando e que as identifica – além da assinatura no fim de cada frase com um "A" anarquista dentro de um círculo. São as indígenas, as mulheres em situação de prostituição, as lésbicas e as donas de casa que fazem parte das atividades do grupo, além de outras profissionais, como jornalistas e advogadas.

Separatismo

A crítica implícita na frase refere-se ao denso clima separatista entre indígenas e não-indígenas que se respira nas cidades bolivianas. Desde Santa Cruz, por exemplo, província no leste do país (fronteira com o Mato Grosso) e a região mais rica, a crítica recai sobre a origem indígena aimará do atual presidente, Evo Morales - acusado pelos crucenhos de privilegiar com políticas públicas os povos indígenas de regiões mais pobres, como La Paz, com recursos vindos de Santa Cruz. Já em La Paz, província com maioria indígena, a crítica é disparada sobre a ânsia separatista dos crucenhos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Jabor: "Agressores homofóbicos não têm identidade nenhuma"


Cine PinkPoka de sexta feira, com critica global e comentarios da Doth Lavigne.
Sabe aqueles playboyzinhos que espancaram jovem gay em Copacabana? Pois é, conseguiram seus 15 minutinhos de fama:



Na minha opinião, Arnaldo Jabor, que nem sempre é tão genial quanto nesse filme, mirou no coelho e acertou na mosca. Ridicularização e escárnio é a atitude mínima que se espera de uma sociedade que se diz "democrática" e "civilizada". Quem sabe, quando esses FDPs* começarem a perceber o quanto suas atitudes são consideradas ridículas pela população, eles pensem melhor nos seus atos.

Indo mais fundo no problema, embora saibamos o quanto nossa sociedade é preconceituosa e conservadora, sabemos também que ela é "politicamente correta" e falsa moralista o suficiente para descartar os elementos que se "queimam" fazendo o trabalho sujo.

O empregador que dispensa funcionários LGBTs sem nenhum motivo aparente é o mesmo que fica "enojadinho" quando vê jovens sendo agredidos com lâmpadas fluorescentes na rua. O universitário que faz da "liberdade sexual" seu grito de guerra, avacalha com a primeira "biba pintosa" que vê na rua. O mesmo político que em véspera de aleição aperta a mão de gays e veste a roupa do "aliado" (sem carapuças e generalizações) vira as costa para seus eleitores depois de eleito. O mesmo padre/pastor que faz pregações acaloradas contra os "sodomitas" do púlpito, sai com travestis durante a noite e escarnece dos "pecadores" no dia seguinte. Na hora do pega-pra-capar, ninguem quer ser preconceituoso.

Mas quando nossa querida sociedade é pega com a boca na botija, violando os mais básicos Direitos Humanos, como o direito a identidade e o de ir e vir, dá-se um jeito de fazer uma caça as bruxas e pegar o primeiro engraçadinho que ousa levantar a mão para um "viado" e o usa como bode-expiatório. Daí aparecem "gênios" como o Sr. jair Bolsonaro e o Sr. Pastor Torquemad..., digo, Malafaia, dizendo que não são preconceituosos, que têm asco por esse tipo de agressão (óbvio, dissimulação é com eles mesmos), mas que são contra a aprovação da Lei de cunho "heterofóbico" que visa punir esse tipo de crime. Como diria a Hebe Camargo- "Gracinhas"...

Vendo pelo lado bom, nossa querida sociedade parece que vai deixar de rir temporariamente da classe LGBT e vai começar a rir inocentemente e hipocritamente dela mesma. Assim seja. Eu, Foucault, Madame Satã e guilda também merecemos rir um pouco (hahaha).

E que sirva de lição: "Homofobia não tem graça nenhuma"

Então que tal seguirmos a corrente do Jabor? Deixe ai nos comentários sua piadinha de homofóbicos.

*FDPs= Filhinhos de papai

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mãe apoia filho que se veste como mulher. E você?

Colunista Marcela Buscato, da ÉPOCA

Cheryl Kilodavis era uma mãe americana comum. Até que seu filho Dyson, de 5 anos, começou a manifestar frequentemente a vontade de usar roupas femininas. O gosto peculiar para um garoto já era uma característica de Dyson: desde os 2 anos, tudo o que era brilhante e cor-de-rosa despertava seu interesse. Cheryl resolveu encorajar a atitude do filho e escreveu o livro “My Princess Boy” (algo como “Meu Garoto Princesa”), que conta a história de um menino que, assim como Dyson, usa roupas femininas.

O livro, publicado de maneira independente, começou a ser usado na escola de Dyson, em Seattle, como uma cartilha antibullying. Fez tanto sucesso que ganhará este mês uma edição da Simon & Schuster, uma grande editora americana. O caso de Dyson parece ímpar porque o menino se veste de princesa, com tules, babados e brilhos, e sai por aí. Não só no Halloween, como aconteceu com Boo, o menino americano que se vestiu de Daphne, a personagem do Scooby Doo, na festa de Halloween da escola (e que também recebeu apoio dos pais).

Capa do livro "My Princess Boy"

Os pais de Dyson enfrentaram reações negativas. Algumas pessoas disseram que bateriam no filho se ele quisesse sair de bailarina por aí. Há quem diga que Cheryl e o marido, Dean, estariam prejudicando a masculinidade de Dyson. Mas o que isso significa? Para começar, ninguém se torna homossexual. Muito menos por usar rosa ou qualquer outra cor ou vestimenta que as convenções sociais determinaram como femininas. Ou, por acaso, as mulheres se tornaram homossexuais depois que começaram a usar calça, considerada por séculos uma peça exclusivamente masculina? Afinal de contas, por que menina usa rosa e menino usa azul? E gostar de rosa faz alguém gay por que a sociedade decidiu que rosa é cor de menina? Pensando bem, esquisito é acharmos isso normal, e não Dyson gostar dessa cor. A mãe dele entendeu direitinho. “Eu sei que as escolhas dele não têm nada a ver com definição de gênero. Diz respeito apenas ao o que ele acha bonito.”

Mesmo os especialistas não acreditam que haja uma relação entre as preferências mostradas por crianças e a orientação sexual delas. Não se pode extrapolar um comportamento presente, que pode ser influenciado pela presença de irmãs ou amigas, por exemplo, para toda uma vida. No caso do menino Boo, que se vestiu de Daphne, uma amiga da irmã dele usou a mesma fantasia. E aí se ele quis copiar? Eu sou a única menina da família. Cresci com os joelhos esfolados de tanto jogar bola e andar de bicicleta, achava muito mais legal brincar de carrinho e não entendia por que meu irmão e meus primos podiam ficar sem camisa e eu não. Achava uma injustiça. Hoje adoro cor-de-rosa e me acho muito mais sortuda do que os meninos porque tenho a possibilidade de comprar uma infinidade de roupas. É claro que exemplos anedóticos não têm nenhuma validade científica – e os pesquisadores dizem que ainda hoje não há estudos confiáveis capazes de relacionar as preferências infantis à orientação sexual futura. Mas, vamos supor que Dyson e outros meninos que gostam de fantasias de menina sejam gays, qual é o problema? Deveriam os pais bater nos filhos, como sugeriram alguns bárbaros aos pais de Dyson, para “corrigir o problema”? É caso de cadeia dupla: por preconceito e violência.

Só temos a ganhar com crianças como Dyson e com pais como o dele. Será que os coleguinhas de Dyson não vão crescer e se tornar uma geração que acha que não tem nada demais menino usar rosa e roupa de princesa, seja pelo motivo que for?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

GMCLA: Lindo como um arco-íris



No dia 24 de outubro de 2010 um grupo de membros do Coral de Homens Gays de Los Angeles se reuniram, junto com amigos e familiares, para cantar uma canção de esperança e esse foi o resultado daquela extraordinária tarde!

Emocionante é pouco!!!
Ainda bem que aos poucos a nossa "querida" sociedade ocidental vai descobrindo que os LGBTs também somos humanos- e sabemos "até" cantar...



Pra quem não conhece essa linda música da Cindy Lauper, segue a tradução:

CORES REAIS

Você, com olhos tristes,
Não fique desanimada.
Oh, eu sei,
É difícil criar coragem,
Num mundo cheio de pessoas
Você pode perder tudo de vista,
E a escuridão dentro de você
Pode te fazer sentir tão insignificante...

Mas eu vejo suas cores reais
Brilhando por dentro.
Eu vejo suas cores reais
E é por isso que eu te amo.
Então não tenha medo de deixá-las aparecerem,
Suas cores reais.
Cores reais são lindas
Como um arco-íris.

Mostre-me um sorriso então,
Não fique infeliz, não me lembro
Quando foi a última vez que vi você sorrindo.
Se este mundo te deixa louca
E você aguentou tudo que consegue tolerar,
Me chame
Porque você sabe que estarei lá...

E eu vejo suas cores reais
Brilhando por dentro.
Eu vejo suas cores reais
E é por isso que eu te amo.
Então não tenha medo de deixá-las aparecerem,
Suas cores reais.
Cores reais são lindas
como um arco-íris...

Não me lembro
A última vez que vi você sorrindo
Se este mundo te deixa louca
E você deu tudo o que você pode suportar
Me chame
Porque você sabe que eu estarei lá

E eu verei suas cores reais
Brilhando por dentro
Eu vejo suas cores reais
E é por isso que eu te amo
Então não tenha medo de deixá-las aparecerem,
Suas cores reais, cores reias
Cores reais estão brilhando através de você
Eu verei suas cores reais
E é por isso que eu te amo
Então não tenha medo de deixá-las aparecerem,
Suas cores reais
Cores reais são lindas,
Como um arco-íris...


Tradução:http://letras.terra.com.br/cyndi-lauper/22349/traducao.html

Aproveite, a vida é bela, apesar das normas...