terça-feira, 21 de junho de 2011

Diversidade: Libere essa Idéia!

“É ou não, piada de salão? Maconha proibida, mas homofobia não!!!”

No último sábado, dia 18 ocorreram em todo pais, concomitantemente, as chamadas Marchas da Liberdade. Para quem ainda não sabe, os eventos forma organizados com o objetivo de denunciar o proibição da Marcha da Maconha, movimento até aquele momento censurado pelo Poder Publico , embora legitimado por uma grande parcela da população- e que busca meramente pregar a legalização das drogas. Como militante, acompanhei de perto toda a movimentação, e cheguei a participar da ultima reunião junto com a organização do evento. Neste artigo, vou apresentar meu relato, e minha opinião.

Em Curitiba, a concentração começou por volta das 11 da manhã, na Praça Rui Barbosa, centro da cidade. Durante a oficina de confecção de cartazes, foi possível dar uma rápida espiada em quais as bandeiras defendidas e os movimento sociais presentes- que iam desde uma manifestação contrária a instalação da Usina de Belo Monte, contra o novo código florestal, até a chamada para a Marcha das Vadias, passando pela Campanha em prol do PLC 122 (que criminaliza a homofobia), além, é claro, da polêmica sobre a legalização das drogas. Todos os grupos unidos e tendo em comum a defesa da Liberdade de Expressão, direito muito falado, porém muito pouco compreendido e menos ainda colocado em prática.

Por volta do meio-dia, iniciou-se a caminhada em direção ao Centro Cívico. Centenas de manifestantes, a grande maioria jovens, fizemos muito barulho no centro da cidade, paramos em vários lugares, para debater com a comunidade e apresentar nossas indignações. O movimento de cunho absolutamente pacífico. Não houve nenhum tipo de contratempo, talvez alguma discussão com a polícia, ou algum desentendimento temporário entre manifestantes, “praxe”em eventos deste porte. E, mais interessante, não pude ver em momento algum, rigorosamente ninguém se utilizando de drogas, sejam licitas ou ilícitas. A Marcha da Liberdade em Curitiba, foi em suma, um ato publico muito bem organizado e sem nenhuma surpresa desagradável. O que é até um alívio, se tratando da capital nacional do nazifascismo.

Na minha singela opinião, os integrantes da Marcha da Liberdade merecem todos os louros, pois estão literalmente fazendo história. Já há indicações de que o movimento cresça e angarie apoio de mais pessoas e mais bandeiras. O que era para ser uma passeata a favor da legalização das drogas está se tornando um grito nacional contra a criminalização dos movimentos sociais, uma união de vários grupos em prol de um bem comum- a Liberdade, direito básico de todo ser humano (ou que ao menos deveria sê-lo numa democracia), mas que costuma ser relativizado no Brasil, quando religiosos fundamentalistas, se vem no direito de amaldiçoar e ameaçar LGBTs, mas não aceitam que os mesmos possam andar de mãos dadas nas nossas ruas, apenas para citar um exemplo mais próximo.

O que era para ser uma critica a policização do uso de cânhamo, por maiores de idade, a para uso recreativo, acabou por se tornar , graças a censura por parte de segmentos conservadores, viúvas da ditadura e juízes distorcionistas-constituicionais, um movimento nacional que prega a união das minorias, dos excluídos e dos perseguidos políticos. As minorias unidas, formam a maioria e já passou da hora de nos juntarmos na luta.

Entendo que tal união se faz necessária, não apenas como estratégia política, mas porque analisando mais profundamente, trata-se de uma mesma luta. Nós, aqueles que se enquadram socialmente como LGBTs (deixando de lado as controvérsias internas sobre identidade) queremos exatamente a mesma coisa que os defensores do direito de acesso à maconha: direito de discernir sobre nossos próprios corpos e sentimentos, sobre nossas experiências de vida. Afinal, quem manda nos nossos corpos? A cultura? A religião? As instituições civis?

Tive a oportunidade de estar presente no dia anterior a Marcha, numa Audição Publica contra a legalização das Drogas, que teve lugar na Câmara Municipal, evento organizado por pastores evangélicos e aberto, literalmente, “em nome de Jesus” (e isto, numa instituição que deveria ser laica !). Não há dúvidas: o mesmo movimento que quer usar o argumento do cacetete contra nossos jovens que usam maconha, também milita contra a criminalização e banalização da homofobia, e contra a laicidade de estado. Colocam toda e qualquer bandeira progressista num mesmo balaio, e rifam nossos direitos mais elementares em nome da moral e dos bons costumes.

Defendo que precisamos, mais que nunca, unir forças, pois o outro lado, que não tenho o menor pudor de chamar “teocratas e fascistas militantes”, estão se organizando politicamente contra nós. Nós queremos garantir nossa Liberdade, Liberdade sobre nossos corpos, nossos pensamentos, Liberdades filosóficas e religiosas (incluindo o direito de não professar nenhuma religião, sem precisarmos nos expor a situações vexatórias, como os pastores que acorrem em praça pública para nos “criticar”). Eles querem a liberdade para tirar nossa liberdade, o direito sagrado de usar da “liberdade de expressão” [distorcida] para nos calar e proibir que andemos de mãos dadas com nossos companheiros.

Que o bom exemplo de rebeldia com muita causa se torne cada vez mais freqüente. Que seja apenas o começo!

Por fim, o trailler de um documentário sobre a Marcha, com participação especial da pessoa que vos fala:

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